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Tecnologia e Ética: a ditadura do algoritmo

Por: Dr. Rafael Barioni – advogado especialista em Administração e Tecnologia Jurídica.

Há muito para se falar e pensar acerca dos avanços tecnológicos e da ética que deveria estar intrínseca a este universo onde o homem encontra-se completamente envolvido pelo espetáculo de suas próprias criações e descobertas.

Momento oportuno para promover algumas importantes provocações, quais sejam:
Pode o homem cientista, criador e dominador tornar-se vítima de suas próprias invenções?
Como pode algo servir e dominar, libertar e escravizar ao mesmo tempo?
Ponderadas as indagações preambulares quanto aos limites de cada novidade, torna-se um desafio constante quando se clama por uma regulamentação de fronteiras tecnológicas e do próprio ciberespaço em que geralmente estão inseridas.

Ditadura do Algoritmo

E, ciente deste enorme desafio limítrofe, em Fev./2020, em uma conferência realizada no Vaticano, intitulada: “O ‘bom’ algoritmo”, foi assinada uma Carta pela Pontifícia Academia para a Vida, por dirigentes das empresas Microsoft e IBM e com a participação do Parlamento Europeu e da FAO, que pede mais ética no desenvolvimento de Inteligência Artificial.
Aliás, se a ética tem por objetivo a determinação das regras de conduta que prescrevem os atos que traduzem a noção de bem ou felicidade no agir humano, pode um Conselho ou mesmo uma Instituição, aqui religiosa e composta por seres humanos que por sua vez carregam anseios, interesses, dogmas, heranças culturais, valores, tradições e crenças, saber o que é “bom” algoritmo?

E o desafio aumenta consideravelmente quando se destaca que as ações decorrem do homem e que este é dotado de estratégia, conveniência e propósitos, que a noção de ética pode variar em cada local, cultura e região no sentido de que é inimaginável que os homens sejam bons de um modo só!
Ou seja, a problemática apresentada propõe reflexões quando se argumenta que nem sempre o bem, o verdadeiro e o eficaz coincidem.
Proferir noções de justo, injusto, bem e mal, se apresentam como desafios que envolvem conceitos de virtudes em cada julgamento.


E falando em virtude, antes mesmo do Vaticano formalizar referida carta, importante destacar não ter havido concordância na conceituação de virtude nem mesmo pelos mais renomados pensadores da história, tais como: Platão, Immanuel Kant, Voltaire, Friedrich Nietzsche.
Talvez Aristóteles tenha sido o que tenha chegado mais próximo de algo concreto e aceitável sobre a virtude, apoiando-se no meio-termo, ou seja, na razoabilidade para ter êxito nas ações que devem buscar a felicidade, tendo ele se amparado na ponderação, prudência, sabedoria e na razão.


E, complementarmente ao pensamento Aristotélico, Friedrich Hegel (1770-1831) apresenta a conveniência da Razão Divina no ato de transferir para um grupo dizer o que é “bom” e o que não é. E este grupo? Não é formado por homens? Como estarão isentos de suas heranças, vaidades, interesses, cultura?

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